Yoga e Qualidade de Vida

Yoga e Qualidade de Vida

Por: Fernando Hartmann*

Todos nós, seres humanos, “homo sapiens”, buscamos, consciente ou subconscientemente, o que denominamos felicidade. É certo que cada qual classifica esse termo em uma relação com o que busca para si. Alguns, um carro novo, outros uma casa bonita, outros ainda cargos importantes. Existem aqueles que procuram mulheres lindas ou homens maravilhosos. E as classificações seguem por vários caminhos. Quando, aparentemente, conquistamos o desejo tão almejado, surgem outros mais ou outras cobranças para si mesmo e para os outros. Entramos então no círculo vicioso de querer mais e mais. Lançam um modelo novo, queremos trocar de carro, vemos uma casa mais moderna, temos que reformar a nossa, nossa mulher ou marido se acidenta ou adoece ou não satisfaz mais nossas vontades já deixa de ser linda ou maravilhoso e buscamos outra ou outro parecido (ou tipos diferentes).

 

O costume que temos de entrarmos em um processo de insatisfação é comum. Nesse processo, o primeiro passo é a auto reprovação, o que se dá inconscientemente. No aspecto consciente, transferimos para todos e para o mundo nossos desapontamentos. Cresce o desgosto e então surgem a desmotivação, o desânimo, a má-vontade, a impotência, crises nas relações, choques nos relacionamentos, depressão, entre outros. O desgaste físico, emocional e mental faz gerar o estresse, bloqueio da força vital no indivíduo e leva à doenças de várias ordens.

 

Percebemos inúmeros efeitos de ordem externa na busca desordenada pela felicidade. É um reflexo do homem superficial, que vive para fora, só percebe o mundo exterior que está ao seu redor. Temos aí o homem mecânico, robotizado, inconsciente, infeliz.

 

Aprendemos, ao longo, da vida, a olhar o que está ao nosso redor, com os olhos do mundo e com isso nos separamos do que somos dentro. Trazemos um tesouro em nosso interior. Quando descobrimos isso e passamos a nos voltar para dentro indo ao encontro deste tesouro, passamos a olhar a vida de maneira diferente. Sentimos e reaprendemos que a felicidade está em nos autoconhecer e nos autorrealizar. E o que significa autoconhecimento e autorrealização? É tornar desperto, consciente, aquilo que somos em essência e expressar esta essência a cada instante em nossa vida. Desabrochar nossas potencialidades de ordem física, vital, mental e espiritual e tê-las saudáveis, fortes em sua plenitude, pois precisamos relembrar que somos um Ser cósmico, um microcosmo no macrocosmo. Vamos nos religar à grande Fonte de Luz Universal. Com isso, ressurgirá o ser pleno que somos em uma relação direta com o Todo. E então, faremos o que sentimos e devemos, o que vimos realizar, guiados pelo ser interior, conhecedor do que É. Estaremos tranqüilos com o que estiver à nossa volta. Conheceremos a verdade e ela se revelará por si só. Seremos então felizes porque seremos livres e conscientes.

 

Ao elevamos o nível de vida que temos e a qualidade de nossos pensamentos, sentimentos, palavras e ações estamos então na relação direta com a qualidade de vida a qual aspiramos viver. Torna-se necessário, entretanto, para a elevação da qualidade de vida do indivíduo, do grupo e do próprio planeta, a observação de alguns aspectos, como por exemplo, a relação consigo mesmo e com o todo. Como estou comigo mesmo, com o outro, com meu trabalho, com a sociedade, com o planeta em que vivo? O que faço para viver melhor? Quais os ideais que tenho na mente e no coração? O que faço para vive-los? E conhecer, principalmente: Quem sou eu? De onde vim? Para onde vou? Por quê? Como? Isso é autoconhecimento e auto-realização, sinônimo de felicidade, alegria, liberdade, paz, amor,… É o reencontro, a religação, a união com a fonte.

 

Ao trilhar esse caminho, encontramos várias possibilidades. Na cultura milenar da Índia, encontramos uma das maiores artes e ciências do bem-viver: o Yoga (do sânscrito Yuj=união). Com suas avançadas técnicas, ele mostra como devemos nos colocar no mundo para vivermos a mais alta qualidade de vida e nos conduzirmos de volta à Essência Divina, tendo-A desperta e consciente em nós.

 

Compreendendo as normas éticas, devemos vivenciá-las no dia-a-dia, desenvolvendo e resgatando os valores morais, tais como: respeito, amizade, sinceridade, justiça, compreensão, fraternidade, solidariedade,… Yama refere-se ao homem em relação com a sociedade e Niyama, ao homem para consigo mesmo. São eles:

 

Yama

 

Ahimsa: não-violência. Não querer infligir nenhum mal a nenhum ser vivo, em pensamentos, palavras e ações.

 

Satyagraha: não-mentir. Satya significa verdade, não desviar a verdade, evitando mentir e também procurando a correta compreensão e revelação dos fatos.

 

Asteya: não-roubar, não apropriar-nos ilegalmente do que não nos pertence.

 

Aparigraha: não-cobiçar, não querer possuir aquilo que não é necessário; desenvolver o desapego.

 

Bramacharia: não abastardar o sexo, vendo a relação sexual como fonte de luz e evolução.

Niyama

 

Sauchan: pureza interior e exterior do corpo, do coração e da mente.

 

Santosha: alegria, contentamento. Procuramos extrair o conhecimento das situações que se apresentam para nós, sem conceituarmos bom ou mal.

 

Tapas: austeridade, autodisciplina; é o esforço, a vontade, a determinação que devemos ter para levarmos avante nosso caminho, sem revolta e desânimo, mas com paciência e perseverança.

 

Svadhyaya: auto-observação. É o conhecimento das ciências relacionadas à auto-liberação.

 

Atmanivedam: Ter um corpo físico forte e saudável, que sirva de instrumento de ação na vida é o próximo passo. Esse corpo deve ser preparado e aprimorado. Para isso existem os ásanas, as posições psicofísicas do Yoga. Eles dão fim à agitação corporal e a dispersão das energias, voltando a concentra-las, dirigindo a consciência a todas as partes do corpo. O ásana atua em células, neurônios, órgãos, plexos, articulações, músculos, nervos, pele, enfim, no ser em sua totalidade, tornando a pessoa que o pratica com freqüência, mais saudável, alegre, forte, bonito e jovial.

 

Com o corpo melhor preparado, precisamos ter maior domínio de nossas energias vitais,ou prana. Conquistamos esse domínio com a prática de exercícios respiratórios, chamados “pranayamas”. Existem “pranayamas” com diversas atuações, como por exemplo: prevenir ou combater o estresse, alergias, gripes e resfriados; aumentar o magnetismo ou de revitalização; o mais importante, porém é utilizá-los para fins de autoconhecimento e evolução.

 

Com o domínio do prana, vamos chegar a abstenção dos sentidos, ou “pratyahara”, quando alcançamos maior lucidez. Quando deixamos de ver, ouvir, sentir o tato, paladar e olfato, imergimos no ser essencial, interior e, então a força do ser espiritual nos direciona.

 

Alcançamos então maior domínio sobre nossa mente, alcançando “dhrárana”, a fixação da atenção ou das ondas mentais em um único ponto: é a concentração. A concentração é um fator de grande importância em nossa vida diária. Vemos muitos erros e até acidentes, devido à mente dispersa, distraída e preguiçosa. Quando treinamos concentração, podemos mudar muita coisa em nossa vida. Existem várias técnicas para desenvolvermos a capacidade de concentração como p.e: fixar o olhar na chama de uma vela ou lâmpada azul.

 

O alto grau de concentração nos conduz à meditação ou “dhyana”, ou à parada das ondas mentais, nos permitindo experimentar outros níveis de consciência. Podemos treinar, p.e: sentado de pernas cruzadas, repousando as mãos sobre os joelhos com a ponta dos dedos polegar e indicador levemente unidas. Vamos tornando nossa respiração lenta e profunda, quase imperceptível e aí viajamos para outros níveis.

 

Quando a consciência se esvazia de sua própria forma, resplandecendo nela o objeto meditado, alcançamos o “samadhy”, ou estado de iluminação. Findam as divisões da mente e da consciência como inconsciente, subconsciente e consciente, ou passado, presente e futuro. Surge uma consciência plena de luz, pureza e beleza.

 

Temos a impressão, no momento atual, que viver bem é “ter” e desenvolvemos com isso uma sociedade altamente consumista, egoísta, competitiva, insensível e agressiva. E o mais sério é que se tem início no lar, onde já deixamos de ver a relação familiar, o que atinge o local de trabalho, s escolas e universidades, as ruas e já nos falta consciência de ser.

 

Precisamos refazer o caminho, rever conceitos, idéias e ideais, analisar conhecimentos e reavaliar atitudes: mudar, transformar, transmutar. Temos que voltar para casa. Passa a ter fundamental importância a prática de técnicas ordenadas e superiores que nos conduzem ao verdadeiro estado original.

 

Pratique Yoga e seja Feliz!

 

*Adm. Fernando Hartmann

Gestão Humana & Yoga

21 – 3279-1909 / 99346-5466

www.fernandohartmann.com.br

www.fernandohartmann.blogspot.com

contato@fernandohartmann.com.br

Precisa de ajuda?